Los dos poetas cantan la vida feliz, sin prisas, sin preocupaciones económicas, sin ansias intelectuales, en una casa sencilla (blanqueada, frente al mar) aunque el portugués añade que añora una mujer que le dé una hija.
Canto da felicidade (Ideal dum parisiense)
Por António Nobre (Oporto, 1867-1900)
Felicidade! Felicidade!
Ai quem me dera na minha mão
não passar nunca desta mesma idade,
Dos 25, do quarteirão.
Morar, mui simples, nalguma casa
Toda caiada, defronte o Mar;
No lume, ao menos ter uma brasa
E uma sardinha para nela assar…
Não ter fortuna, não ter dinheiro,
Papéis no Banco, nada a render.
Guardar, podendo, num mealheiro
Economía pró que vier.
Ir, pelas tardes, até à fonte
Ver as pequenas a encher e a rir,
E ver entre elas o Zé da Ponte
Um pouco torto, quase a cair.
Não ter quimeras, não ter cuidados
E contentar-se com o que é seu,
Não ter torturas, não ter pecados,
Que, em se morrendo, vai-se pró Céu!
Não ter talento: suficiente
Para na vida saber andar,
E quanto a estudos saber somente
(mas ai somente) ler e contar.
Mulher e filhos! A mulhercinha
Tão loira e alegre, Jesús, Jesús!
E, em nove meses, vê-la choquinha
Como uma pomba, dar outra à luz.
Oh! Grande vida, valha a verdade!
Oh! Grande vida, mas que ilusão!
Felicidade! Felicidade!
Ai quem me dera na minha mão!
De vita beata
Por Jaime Gil de Biedma (Barcelona, 1929-1990)
En un viejo país ineficiente,
algo así como España entre dos guerras
civiles, en un pueblo junto al mar,
poseer una casa y poca hacienda
y memoria ninguna. No leer,
no sufrir, no escribir, no pagar cuentas,
y vivir como un noble arruinado
entre las ruinas de mi inteligencia.
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